(Reuters) - Os trabalhadores da Boeing que estão em greve, votarão na próxima quarta-feira sobre uma nova proposta de contrato. A oferta inclui um aumento salarial de 35% distribuído ao longo de quatro anos, o que pode pôr fim à greve que já dura cinco semanas, conforme anunciaram a empresa e o sindicato neste sábado.
Aproximadamente 33.000 trabalhadores sindicalizados da Boeing na Costa Oeste, a maioria localizada no estado de Washington, estão em greve desde 13 de setembro. A paralisação afetou a produção de aeronaves importantes para a fabricante, como o popular 737 MAX e os modelos de grande porte 767 e 777.
A proposta mais recente oferece um bônus de assinatura de US$ 7.000, o restabelecimento de um plano de incentivos e contribuições adicionais para os planos de aposentadoria 401(k) dos trabalhadores. Isso inclui um pagamento único de US$ 5.000, além de até 12% em contribuições do empregador, conforme o comunicado do Sindicato Internacional de Trabalhadores da Aeronáutica e Aeroespacial, Local 751.
A Boeing declarou neste sábado estar "ansiosa para que nossos funcionários votem na proposta negociada". Porém, não há garantia de aprovação, visto que os trabalhadores rejeitaram anteriormente uma oferta inicial de forma expressiva. "O futuro deste contrato está em suas mãos", afirmou o sindicato aos trabalhadores.
Em 8 de outubro, a Boeing retirou uma oferta melhorada que incluía um aumento salarial de 30% em quatro anos, após o fracasso das negociações mediadas por representantes federais. O sindicato continua buscando um aumento de 40% e o retorno de um plano de aposentadoria com benefício definido.
No sábado, o sindicato publicou em redes sociais que, com a ajuda da secretária interina do Trabalho dos EUA, Julie Su, eles obtiveram uma "proposta negociada", encorajando os grevistas a considerarem a oferta.
Na segunda-feira, Su esteve em Seattle para iniciar pessoalmente as negociações e retornou na quinta-feira para dar continuidade aos esforços, após uma viagem a Detroit.
Segundo um porta-voz de Su, na sexta-feira a secretária "estava em Seattle, conversando com ambas as partes. Ela já se reuniu com o CEO e o sindicato e manteve contato diversas vezes durante o processo."
Na última sexta-feira, a Boeing anunciou que cortaria 17.000 postos de trabalho, o que representa 10% de sua força global, além de assumir uma despesa de US$ 5 bilhões, marcando mais um capítulo turbulento para a empresa. Essa crise começou após uma emergência em pleno voo envolvendo um 737 MAX 9 da Alaska Airlines (ALK.N).
Na terça-feira, a Boeing revelou que abriria uma janela para ofertas de ações e dívidas de até US$ 25 bilhões nos próximos três anos, juntamente com um acordo de crédito de US$ 10 bilhões.
Em setembro, quase 95% dos trabalhadores da Costa Oeste rejeitaram uma proposta da Boeing que oferecia um aumento de 25% em quatro anos, embora tenha sido aprovada por líderes sindicais, o que levou à deflagração da greve.
A Boeing vem enfrentando pressões contínuas desde que uma porta do painel de um novo 737 MAX 9 se soltou durante um voo em janeiro, levando a Administração Federal de Aviação (FAA) a impedir a fabricante de aumentar a produção. Na sexta-feira, a FAA abriu uma nova investigação de segurança contra a Boeing.
Em julho, a Boeing concordou em se declarar culpada de uma acusação de conspiração para cometer fraude e aceitou pagar pelo menos US$ 243,6 milhões por violar um acordo de acusação diferida de 2021.
Espera-se que a disputa trabalhista tenha impacto negativo no relatório de empregos de outubro, que será divulgado dias antes da eleição presidencial de 5 de novembro.
Economistas estimam que a greve, juntamente com as demissões temporárias de trabalhadores não grevistas e cortes temporários nas empresas fornecedoras da Boeing, resultaram na perda de até 50.000 empregos no setor não agrícola neste mês. Em setembro, a economia adicionou 254.000 empregos e a taxa de desemprego caiu para 4,1%, em comparação com 4,2% em agosto.